O amadurecimento do mercado e da sociedade brasileiras se refletem em inovadores exemplos de ações práticas de mobilização por transparência também nas relações de consumo. Por meio das redes sociais e munidos de informação acessível na internet, consumidores organizam um complexo aparato de compartilhamento de informações capazes de ajudar no processo de tomada de decisão de consumo. São formas compartilhadas de conhecer produtos, e questionar, por meio do debate virtual, as razões para que as coisas sejam tão caras no Brasil.
O processo de formação de preços é composto por inúmeras e complexas variáveis que vão desde a questão tributária até o mecanismo de formação do desejo no indivíduo passando por questões tributárias, tecnologia e recursos disponíveis. Neste post, quero discutir com vocês o papel do consumidor nessa robusta arquitetura de modo a colocar foco a um elemento central desse processo que muitas vezes é relegado a segundo plano nas análises.
Vamos falar sobre o poder do consumidor, como podemos ser agentes de mudança em um cenário marcado pela ineficiência tributária, logística e tecnológica? As respostas começam a aparecer com a ajuda da tecnologia. São cada vez mais comuns blogs, comunidade no facebook e aplicativos destinados a estimular um comércio mais eficiente, por meio do questionamento dos preços abusivos cobrados no Brasil O que, até então era debate restrito a acadêmicos e jornalistas de economia, ganhou as ruas, as redes sociais, as conversas de elevador e as discussões de mesa de bar na mesma velocidade em que a alta dos preços passou a ser percebida no dia a dia do cidadão comum. O tomate virou a estrela da vez, virou meme e conseguiu, por meio do humor e da viralização, personificar a sensação que todos temos: está cada vez mais caro viver no Brasil.
A teoria econômica nos diz que o preço é determinado pelo encontro das curvas da oferta e demanda. Repetindo o que a maioria já sabe, as coisas custam quanto as pessoas estão dispostas a pagar por elas de acordo com a utilidade do objeto para quem compra e a remuneração desejada por quem compra. No encontro entre essas duas curvas, temos o equilíbrio e a definição do preço. A curva de oferta no Brasil é bastante prejudicada pelos nossos já conhecidos gargalos produtivos. Mas, e a curva de demanda? Além das políticas sociais de incentivo ao consumo, será que existem outras razões para o brasileiro estar disposto a pagar mais por um mesmo produto?
Alexandre Versignassi, em texto para a SUPERINTERESSANTE ("Por que tudo custa tão caro no Brasil?") argumenta que a cultura consumista e ostentadora do brasileiro é um dos grandes responsáveis para a margem de lucro exorbitante no país. Em, outras palavras, no Brasil, o consumidor está disposto a pagar mais por um mesmo produto por conta da importância dada ao consumo do país. Aqui, pagar caro é sinônimo de status, algo tolerado e desejado por quem encontra na ostentação do consumo a validação social.
Esse fetiche consumista atribui aos produtos um valor intangível de desejo que faz com que as pessoas estejam dispostas a pagar muito mais por um produto do que seu valor objetivo permitiria. Além de desequilibrar a racionalidade econômica, essa postura funciona como um prato cheio para quem deseja lucrar no Brasil.
Nesse sentido, a iniciativa de questionar os preços praticados na cidade de São Paulo pelo site Boicota SP e pelo SP Honesta, são excelentes exemplos na promoção da transparência e do debate sobre a relação de consumo em São Paulo. Por meio de uma plataforma colaborativa, no Boicota SP, usuários são convidados a compartilhar experiências de preços considerados abusivos em bares, restaurantes e outros estabelecimentos da cidade. A idéia é promover a reflexão por meio de um espaço para que consumidores e prestadores de serviço exponham suas insatisfações. Democrática, a plataforma atraiu a ira de alguns estabelecimentos que foram alvo de consumidores indignados, porém, vale ressaltar que o site se preocupa em permitir que os donos dos estabelecimentos citados apresentem suas justificativas e colaborem sobre o debate do consumo na cidade.
Seguindo a tendência de consumo menos extorsivo, o SP Honesta busca compartilhar informações sobre lugares para se comer bem gastando pouco. Convida usuários a divulgarem lugares com preços justos na cidade por meio do compartilhamento de boas experiências por meio da provocação "sim, existem lugares bons e baratos em São Paulo. É só procurar. Vamos divulgar os lugares que cobram preço justo? Mande seus achados: sphonesta@gmail.com"
Além de excelentes ferramentas de prestação de serviços para os moradores da cidade, os dois sites estimulam a consciência no consumo ao provocar a reflexão sobre a legitimidade dos preços cobrados na cidade. É importante ressaltar que o valor de um produto ou serviço não se dá apenas por elementos objetivos, a percepção subjetiva de utilidade desse produto pelos consumidores é um dos mais importantes fenômenos para a definição de preços. O mercado de luxo se apoia nisso para criar uma atmosfera de desejo capaz de sustentar margens de lucro elevadas ainda que com base em pouco escala de venda. Não se trata, portante de negar o desejo ou minimizar elementos intangíveis nas relações de consumo, trata-se, sim, da tentativa de promover o consumo consciente permitindo que o consumidor entenda as razões dos preços e decida se está disposto a pagar mais em troca de outros elementos além do produto ou serviço tangível. Apoiando-se na colaboração e na construção coletiva de conhecimento, buscam fornecer ao consumidor novas ferramentas de exercício de seu poder por meio da informação e da transparência.
Mais Geração G
Blog para uma geração que acredita que é possível transformar as coisas, que deseja mais generosidade nas relações, que conhece seu poder de mobilização e engajamento e que constrói um mundo mais bacana. Este é um espaço para discussão e compartilhamento de idéias criativas e inovadoras que estão mudando a realidade. Você que é Geração G, seja bem vindo.
domingo, 5 de maio de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
Liberdade de Expressão e intolerância
Dando sequência à série Desconstruindo a superficialidade do discurso da intolerância e do ódio, quero discutir um pouco sobre o conceito de liberdade de expressão que tem sido usado indiscriminadamente para justificar posições conservadoras e preconceituosas, falas racistas, homofóbicas, discriminatórias e com grande potencial de violência e tensão nas relações sociais.
Para evitar qualquer mal entendido, quero reafirmar meu total compromisso com a liberdade de expressão. Acredito que esse deve ser uma garantia fundamental na sociedade de modo a permitir o amadurecimento da democracia e do livre pensamento. Dessa forma, refletir, discutir, dialogar e construir devem ser ideais perseguidos eternamente. Porém, o compromisso com a liberdade de expressão não pode ser confundido com a liberdade para perseguir, excluir ou agredir minorias.
O pacto social é algo complexo, fundamentado na consolidação de uma série de direitos coexistentes que formam um arcabouço de defesa dos cidadãos e da coletividade. Direitos fundamentais são constituídos para preservar a ordem social, a liberdade individual e os direitos das minorias e formam um conjunto normativo que orienta condutas, pune desvios e disciplina comportamentos. Portanto, para analisar adequadamente o cada vez mais inflamado debate sobre homofobia e liberdade de expressão, é preciso ter em mente que, tão importante quanto a liberdade de expressão, é a preservação da integridade física e moral dos indivíduos e a garantia de exercício de sua plenitude enquanto ser humano e cidadão.
A luta histórica pela consolidação da democracia e de um estado capaz de assegurar a defesa de seus cidadãos resultou no amadurecimento dos conceitos de liberdade de expressão e estimulou o fortalecimento das demandas por respeito aos direitos humanos. Quando, surgem conflitos entre esses direitos, é preciso buscar uma abordagem transversal, capaz de encontrar pontos de contato, identificar pontes de diálogo, convergências entre conceitos para evitar que a defesa de um direito implique em fragilização de outros.
Dessa forma, o argumento de que a liberdade de expressão justifica todo e qualquer tipo de abuso ideológico ignora o fato de que, ao propagar discursos de ódio e intolerância, a incitação à violência tem um potencial destrutivo significativo que coloca em risco a vida de milhões de pessoas renegadas à condição de minoria.
Nos últimos anos, o avanço em relação aos direitos individuais foi acompanhado por uma perigosa e poderosa onda conservadora. Ao mesmo tempo em se tem mais liberdade para demonstrar publicamente a orientação sexual, casos de violência contra homossexuais ganham as manchetes e expõe a até então silenciosa estatística de violência relacionada a gênero. Ao mesmo tempo em que mulheres reafirmam suas posições de protagonismo social, econômico e político, outras tantas precisam marchar pelo direito de expressarem sua individualidade sem serem hostilizadas como putas, vagabundas que merecem ser violentadas. Ao mesmo tempo em que o debate sobre a questão das drogas ganha a participação de importantes intelectuais, acompanhamos desastradas ações do Estado no combate ao crime. Ao mesmo tempo em que o STF promove avanços em relação ao aborto, o tema é usado de maneira baixa em um debate rasteiro por políticos que se apropriaram da bandeira da defesa da família para reduzir a última eleição presidencial a uma discussão rasteira, empobrecida e deturpada.
Nesse contexto, de fortalecimento da corrente conservadora, mensagens discriminatórias ganham contornos perigosos e podem incitar um estado de tensão e ódio entre grupos de cidadãos. É preciso ter em mente o poder da disseminação do ódio. Ao pregar contra determinados grupos, os interlocutores devem estar cientes do seu poder de influência sobre seus ouvintes e, caso essa consciência não seja inata, é preciso criar instrumentos institucionais para garantir a responsabilização daqueles que pregam o ódio e a intolerância.
A sociedade não pode permitir que discursos conservadores ganhem força a ponto de ameaçarem a consolidação de direitos individuais e o estado democrático vigente. Se, por um lado, é preciso garantir a liberdade de expressão, é preciso lutar para que ela não se torne instrumento de violência e propagação do ódio e intolerância. Um grande exemplo de que é preciso mudar inclusive a intolerância justificada pelo discurso religioso é a questão negra que, por muitos anos foi institucionalizada e ratificada inclusive pela Igreja Católica que negava a existência de alma para justificar moralmente a escravidão. Não estou dizendo que o preconceito em relação à cor da pele tenha sido superado, porém, os avanços do debate criaram constrangimentos que tornam inimaginável alguma pregação religiosa contra negros. A transformação é possível e deve envolver todos os entes sociais, Estado, população, imprensa, academia, todos devem se valer nas ferramentas de mobilização para promover a consolidação dos direitos humanos.
Para saber mais, acesse o site do PLC 122 projeto de lei contra a homofobia.
Para evitar qualquer mal entendido, quero reafirmar meu total compromisso com a liberdade de expressão. Acredito que esse deve ser uma garantia fundamental na sociedade de modo a permitir o amadurecimento da democracia e do livre pensamento. Dessa forma, refletir, discutir, dialogar e construir devem ser ideais perseguidos eternamente. Porém, o compromisso com a liberdade de expressão não pode ser confundido com a liberdade para perseguir, excluir ou agredir minorias.
O pacto social é algo complexo, fundamentado na consolidação de uma série de direitos coexistentes que formam um arcabouço de defesa dos cidadãos e da coletividade. Direitos fundamentais são constituídos para preservar a ordem social, a liberdade individual e os direitos das minorias e formam um conjunto normativo que orienta condutas, pune desvios e disciplina comportamentos. Portanto, para analisar adequadamente o cada vez mais inflamado debate sobre homofobia e liberdade de expressão, é preciso ter em mente que, tão importante quanto a liberdade de expressão, é a preservação da integridade física e moral dos indivíduos e a garantia de exercício de sua plenitude enquanto ser humano e cidadão.
A luta histórica pela consolidação da democracia e de um estado capaz de assegurar a defesa de seus cidadãos resultou no amadurecimento dos conceitos de liberdade de expressão e estimulou o fortalecimento das demandas por respeito aos direitos humanos. Quando, surgem conflitos entre esses direitos, é preciso buscar uma abordagem transversal, capaz de encontrar pontos de contato, identificar pontes de diálogo, convergências entre conceitos para evitar que a defesa de um direito implique em fragilização de outros.
Dessa forma, o argumento de que a liberdade de expressão justifica todo e qualquer tipo de abuso ideológico ignora o fato de que, ao propagar discursos de ódio e intolerância, a incitação à violência tem um potencial destrutivo significativo que coloca em risco a vida de milhões de pessoas renegadas à condição de minoria.
Nos últimos anos, o avanço em relação aos direitos individuais foi acompanhado por uma perigosa e poderosa onda conservadora. Ao mesmo tempo em se tem mais liberdade para demonstrar publicamente a orientação sexual, casos de violência contra homossexuais ganham as manchetes e expõe a até então silenciosa estatística de violência relacionada a gênero. Ao mesmo tempo em que mulheres reafirmam suas posições de protagonismo social, econômico e político, outras tantas precisam marchar pelo direito de expressarem sua individualidade sem serem hostilizadas como putas, vagabundas que merecem ser violentadas. Ao mesmo tempo em que o debate sobre a questão das drogas ganha a participação de importantes intelectuais, acompanhamos desastradas ações do Estado no combate ao crime. Ao mesmo tempo em que o STF promove avanços em relação ao aborto, o tema é usado de maneira baixa em um debate rasteiro por políticos que se apropriaram da bandeira da defesa da família para reduzir a última eleição presidencial a uma discussão rasteira, empobrecida e deturpada.
Nesse contexto, de fortalecimento da corrente conservadora, mensagens discriminatórias ganham contornos perigosos e podem incitar um estado de tensão e ódio entre grupos de cidadãos. É preciso ter em mente o poder da disseminação do ódio. Ao pregar contra determinados grupos, os interlocutores devem estar cientes do seu poder de influência sobre seus ouvintes e, caso essa consciência não seja inata, é preciso criar instrumentos institucionais para garantir a responsabilização daqueles que pregam o ódio e a intolerância.
A sociedade não pode permitir que discursos conservadores ganhem força a ponto de ameaçarem a consolidação de direitos individuais e o estado democrático vigente. Se, por um lado, é preciso garantir a liberdade de expressão, é preciso lutar para que ela não se torne instrumento de violência e propagação do ódio e intolerância. Um grande exemplo de que é preciso mudar inclusive a intolerância justificada pelo discurso religioso é a questão negra que, por muitos anos foi institucionalizada e ratificada inclusive pela Igreja Católica que negava a existência de alma para justificar moralmente a escravidão. Não estou dizendo que o preconceito em relação à cor da pele tenha sido superado, porém, os avanços do debate criaram constrangimentos que tornam inimaginável alguma pregação religiosa contra negros. A transformação é possível e deve envolver todos os entes sociais, Estado, população, imprensa, academia, todos devem se valer nas ferramentas de mobilização para promover a consolidação dos direitos humanos.
Para saber mais, acesse o site do PLC 122 projeto de lei contra a homofobia.
Democracia, Homofobia e, claro, Feliciano
Antes de começar o post, queria deixar claro que, sinceramente, gostaria muito de usar este espaço para discutir idéias e temas que realmente representassem uma evolução significativa da nossa realidade. Queria poder falar sobre ações inovadoras, projetos progressistas e discussões avançadas em vez de discutir assuntos que já deveriam ter sido superados da pauta nacional há alguns anos. Porém, dado o atual estágio das discussões em relação aos direitos LGBT, o protagonismo midiático do pastor e deputado Marco Feliciano, a posição corajosa de Daniela Mercury e o domínio do assunto nas redes sociais, precisamos aproveitar essa oportunidade para reforçar nosso compromisso com o respeito aos direitos humanos, a diversidade, a pluralidade e a igualdade entre cidadãos em um estado democrático de direito baseado em compromissos universais de direitos individuais. Dessa forma, segue mais um post sobre o tema.
Desta vez, quero usar o espaço para rebater algumas vertentes que utilizam a democracia para legitimar discursos preconceituosos, posições que estimulam o ódio e políticas públicas excludentes que relegam uma parcela significativa de sua população a condições de inferioridade jurídica e social.
Bolsonaros e Felicianos foram, sim, democraticamente eleitos e atendem aos requisitos jurídicos para representarem a população no parlamento. Porém, a vontade, ainda que seja da maioria, não pode ser usada para justificar abusos e desrespeitos a direitos consagrados pela constituição nem para incitar o ódio e a intolerância contra grupos minoritários. A democracia prevê a soberania da maioria desde que respeitados e preservados os direitos das minorias. Caso não houvessem mecanismos de equilíbrio nessa equação, incorreríamos no risco de termos uma tirania legitimada pelas urnas como a Alemanha nazista se mostra o caso mais célebre. Nesse sentido, a noção de justiça e igualdade surgem como tentativas de controle normativo da defesa das minorias diante de possíveis ameaças representadas pela vontade popular.
Saiba mais no vídeo abaixo do Ton Martins no VideoDebate do Youtube.
Nesse sentido, a atividade legislativa, respaldada pela vontade das urnas é também regulada por respeito a regras e condutas norteadas pelo respeito à diversidade, à pluralidade e a tolerância. Se não bastassem esses argumentos, Marcos Feliciano, deputado que já havia recebido destaque por suas posições preconceituosas e distorcidas fundamentadas em uma interpretação equivocada da Bíblia, se tornou presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Segundo definição no site oficial da Comissão "Suas atribuições constitucionais e regimentais são receber, avaliar e investigar denúncias de violações de direitos humanos; [...]; além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais, especialmente aos índios e às comunidades indígenas, a preservação e proteção das culturas populares e étnicas do País." Como, portanto, alguém com histórico de desrespeito a minorias pode estar a frente de uma comissão com essas prerrogativas?
Além das restrições naturais de um deputado, contra a manutenção de Marcos Feliciano à frente da Comissão, pesam as atribuições da própria Comissão. Dessa forma, sinto muito senhora Rachel Sherazada, âncora do Jornal do SBT que mais uma vez utiliza uma concessão pública para comentários lamentáveis, mas a democracia não pode justificar o absurdo da manutenção do Pastor e Deputado Marcos Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Se, por um lado, a escolha de Marco Feliciano para a presidência da Comissão representa mais um lamentável episódio da nossa incoerência política partidária, sua permanência no cargo impõe, além de um constrangimento crescente ao órgão legislativo, uma paralisia institucional da comissão que deveria utilizar suas sessões para debater políticas e idéias e não rebater críticas da sociedade civil. Desde que tomou posse, Feliciano imprimiu uma rotina desgastante e contraproducente ao órgão vítima constante de protestos presenciais e online dos inconformados com a aberração ideológica. Assim, tornou-se insustentável a insistência do deputado em não renunciar ao cargo e a atividade da Comissão permanece ameaçada enquanto persistirem a teimosia e ganância por exposição midiática do deputado.
Se ainda somos obrigados a conviver com forças conservadoras que insistem em reafirmar seus privilégios ao impedir a extensão de direitos a outros grupos sociais no sentido da construção de uma sociedade mais justa que, ao menos, esses grupos não consigam se infiltrar nas ferramentas institucionais de defesa dos direitos humanos. Que os aparatos legais de defesa da diversidade sejam protegidos contra o avanço da intolerância, do ódio e da discriminação.
Desta vez, quero usar o espaço para rebater algumas vertentes que utilizam a democracia para legitimar discursos preconceituosos, posições que estimulam o ódio e políticas públicas excludentes que relegam uma parcela significativa de sua população a condições de inferioridade jurídica e social.
Bolsonaros e Felicianos foram, sim, democraticamente eleitos e atendem aos requisitos jurídicos para representarem a população no parlamento. Porém, a vontade, ainda que seja da maioria, não pode ser usada para justificar abusos e desrespeitos a direitos consagrados pela constituição nem para incitar o ódio e a intolerância contra grupos minoritários. A democracia prevê a soberania da maioria desde que respeitados e preservados os direitos das minorias. Caso não houvessem mecanismos de equilíbrio nessa equação, incorreríamos no risco de termos uma tirania legitimada pelas urnas como a Alemanha nazista se mostra o caso mais célebre. Nesse sentido, a noção de justiça e igualdade surgem como tentativas de controle normativo da defesa das minorias diante de possíveis ameaças representadas pela vontade popular.
Saiba mais no vídeo abaixo do Ton Martins no VideoDebate do Youtube.
Nesse sentido, a atividade legislativa, respaldada pela vontade das urnas é também regulada por respeito a regras e condutas norteadas pelo respeito à diversidade, à pluralidade e a tolerância. Se não bastassem esses argumentos, Marcos Feliciano, deputado que já havia recebido destaque por suas posições preconceituosas e distorcidas fundamentadas em uma interpretação equivocada da Bíblia, se tornou presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Segundo definição no site oficial da Comissão "Suas atribuições constitucionais e regimentais são receber, avaliar e investigar denúncias de violações de direitos humanos; [...]; além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais, especialmente aos índios e às comunidades indígenas, a preservação e proteção das culturas populares e étnicas do País." Como, portanto, alguém com histórico de desrespeito a minorias pode estar a frente de uma comissão com essas prerrogativas?
Além das restrições naturais de um deputado, contra a manutenção de Marcos Feliciano à frente da Comissão, pesam as atribuições da própria Comissão. Dessa forma, sinto muito senhora Rachel Sherazada, âncora do Jornal do SBT que mais uma vez utiliza uma concessão pública para comentários lamentáveis, mas a democracia não pode justificar o absurdo da manutenção do Pastor e Deputado Marcos Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Se, por um lado, a escolha de Marco Feliciano para a presidência da Comissão representa mais um lamentável episódio da nossa incoerência política partidária, sua permanência no cargo impõe, além de um constrangimento crescente ao órgão legislativo, uma paralisia institucional da comissão que deveria utilizar suas sessões para debater políticas e idéias e não rebater críticas da sociedade civil. Desde que tomou posse, Feliciano imprimiu uma rotina desgastante e contraproducente ao órgão vítima constante de protestos presenciais e online dos inconformados com a aberração ideológica. Assim, tornou-se insustentável a insistência do deputado em não renunciar ao cargo e a atividade da Comissão permanece ameaçada enquanto persistirem a teimosia e ganância por exposição midiática do deputado.
Se ainda somos obrigados a conviver com forças conservadoras que insistem em reafirmar seus privilégios ao impedir a extensão de direitos a outros grupos sociais no sentido da construção de uma sociedade mais justa que, ao menos, esses grupos não consigam se infiltrar nas ferramentas institucionais de defesa dos direitos humanos. Que os aparatos legais de defesa da diversidade sejam protegidos contra o avanço da intolerância, do ódio e da discriminação.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Baixo Centro 2013
Vai rolar no Centro de SP, de 5 a 14 de abril, Festival
Baixo Centro 2013, uma excelente iniciativa de ocupação artística da cidade por
meio da organização independente da sociedade civil. Vale a pena conferir!
Por meio de engajamento individual para a transformação
coletiva, a idéia é resgatar a noção de espaço público, de cidade à serviço do
cidadão e de apropriação das ruas pelos seus verdadeiros donos: nós, moradores.
Com diversas atividades (este ano serão mais de 500) que vão de apresentações
de dança a intervenções de artes visuais passando por música, poesia e muita
diversão, a iniciativa busca ressignificar a relação com a cidade provocando
pela revitalização da região do entorno do Minhocão por meio da ocupação
cultural. A lógica é simples, por meio da marcação de território pela arte,
busca-se dar vida a uma região degradada por uma aberração da arquitetura
urbana que privilegia carros em detrimento aos cidadãos.
A organização do festival é feita de maneira horizontal e
voluntária, a gestão é feita por qualquer pessoa interessada a contribuir e
disposta a trabalhar. O financiamento é feito via crowdfunding por meio de
doações individuais a partir de R$10,00. Não há financiamento de corporações
privadas nem subsídios de programas oficiais de incentivo cultural e a
prestação de contas é feita de maneira transparente por meio de orçamento
publicamente divulgado.
Se interessou? Dá uma olhada no site BaixoCentro.org e conheça
mais.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Para TODOS!
A Geração G é o novo pensamento oriundo do despertar de
consciências contra uma sociedade individualista.
Mais, muito mais do
que filantropia, é ter uma visão orgânica das relações humanas e sociais e os
impactos que cada atitude gera nesse organismo social.
Uma palavra contida em
generosidade?
Colaboração!
A própria internet hoje encarna essa palavra, na prática, quando pensamos na distribuição gratuita de
conteúdos. Os blogs, o
Wikipedia, por exemplo....
Fora desse campo, faço questão de trazer aqui uma, (agora sim) uma personificação da
Geração G.
Dr. Devi Prasad
Shetty... conhecem? Ele é dono,
idealizador, presidente do Hospital Narayana Hrudalayalaya.
Trata-se de um hospital, na Índia, que acredita que uma solução que pessoas que precisam não têm condições de pagar, não é uma solução. Nesse sentido, o hospital se estruturou de modo a fazer com quem precise encontre as soluções para seus problemas.
Um cirurgia cardíaca, do mesmo porte da que é feita no hospital, custaria US$50.000 no Estado Unidos. Em Naryana, o custo é US$3.000.
O pensamento cerne do hospital gerou essa redução de custos.
Uma roupa utilizada pelos médicos nas cirurgias, que poderia ser importada, é confeccionada no próprio hospital. O material é comprado, mas a costura é feita lá.
O maquinário de ponta é comprado direto da fábrica em grande quantidade...
Cada pequena "barganha" dessa foi pensada, para, no fechamento da conta, ser acessível a todos!
Mesmo com o custo reduzido, muitos bolsos não são capazes de suportar tal valor.
O passo além: Quem tem mais paga mais ... Quem tem menos, paga menos... e, quem não tem nada, não paga nada... porque a Missão dele é: Sonho de levar o cuidado de qualidade à saúde acessível às massas de todo o mundo"
Ainda assim, frizo: Ainda assim, o hospital apresenta margem de lucro maior do que a maioria dos hospitais americanos: 7,7% (depois de impostos) x 6,9.
Para quem ainda não é movido apenas pela busca da
"generosidade", a última informação abre as portas para uma discussão contra os valores excessivamente rígidos e de um sistema econômico extorsivo. A busca pela universalidade e generosidade não é repelida pelo conceito de lucro e pelo próprio senso de capitalismo.
Pessoalmente, acredito que seja um resultado natural na preocupação com a qualidade e na busca de uma atitude menos individualista.
Para todos!
sexta-feira, 29 de março de 2013
As marcas e o casamento Gay
No último dia 26, a Suprema Corte dos Estados Unidos iniciou debate importante a respeito da União Civil entre casais homoafetivos. Ao analisar a constitucionalidade da lei da Califórnia que veta o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a validade da Lei de Defesa do Casamento que, na prática, delega aos Estados a decisão sobre o tema, o judiciário norte americano tem a oportunidade de promover avanço significativo na universalização dos direitos civis para todos os cidadãos. A isonomia no tratamento dos cidadãos é premissa fundamental para democracias modernas comprometidas com os direitos humanos.
Nesse sentido, a discussão jurídica do casamento gay é reflexo de um movimento da sociedade civil que se organizou na defesa da igualdade de direitos em relação ao casamento. Ativistas LGBT, associações de direitos humanos, artistas, intelectuais, políticos e anônimos se organizaram para pressionar alterações que confiram dignidade e proteção jurídica a todos os cidadãos que desejam compartilhar sua vida com uma pessoa do mesmo sexo. A revista TIME desta semana apresenta uma interessante reportagem que investiga a evolução do fortalecimento dos direitos LGBT na sociedade norte americana (leia aqui).
Nos últimos anos, a campanha em favor do casamento civil igualitário recebeu apoio de importantes figuras públicas que, por mais que acenassem com simpatia à essa demanda, eram resistências em declararem-se publicamente favoráveis aos direitos LGBT em razão do temor aos supostos impactos negativos de um apoio público ao casamento LGBT. Ao se tornar, em 2001, prefeito de Paris depois de ter assumido sua homossexualidade em 1999, Bertrand Delanoe personificou a capacidade de escolha de um líder político independentemente de sua orientação sexual. No ano passado, o presidente americano Barack Obama, tornou-se o primeiro Gay Friendly a presidir a maior economia do planeta ao defender publicamente os direitos dos cidadãos homossexuais.
Com a discussão na Suprema Corte americana, o tema bastante polêmico no país marcado pela convivência simultânea do vanguardismo e atraso nos debates sobre consolidação dos direitos civis, surgiu com força nos meios de comunicação e nas redes sociais. Milhares de pessoas passaram a utilizar como avatar no Facebook ou Twitter o símbolo de igual em fundo vermelho da Campanha de Direitos Humanos em favor do casamento civil igualitário. Imediatamente, empresas -tradicionalmente favoráveis ao casamento civil igualitário ou novas apoiadoras da causa - criaram suas versões do símbolo compartilhadas em seus perfis oficiais em redes sociais.
Budweiser, Coca-Cola, Wall-Mart, Itaú, Lev's e Microsoft são algumas empresas que aproveitaram a ocasião para reforçar seu compromisso com a diversidade. Na mesma semana, a Starbucks declarou-se publicamente favorável ao casamento gay e, ao sugerir que o acionista insatisfeito com essa postura da empresa deveria vender suas ações, o CEO da companhia Howard Schultz reforçou o compromisso genuíno da empresa com a causa que não deve se curvar a pressões chantagistas de grupos contrários ao casamento gay.
Frente aos avanços do debate sobre os direitos civis da população LGBT e ao valoroso apoio de empresas e grupos efetivamente comprometidos com a universalização de direitos, é preciso atenção para que as iniciativas não se encerrem em meras ações de marketing avaliadas estrategicamente por seus possíveis impactos ao valor da marca. É preciso haver compromisso genuíno com a causa LGBT não apenas por serem uma expressiva e poderosa parcela do mercado consumidor ou um grupo de cidadãos que honram seus compromissos fiscais com o Estado, mas, sim, por serem serem humanos dotados de valores e direitos universais garantidos pela sua constituição de humanidade. Nesse sentido, além de divulgar a causa do casamento gay igualitário, as empresas têm uma enorme responsabilidade de construir ambientes corporativos que valorizam a diversidade e um grande poder transformador ao utilizar sua condição econômica para apoiar a luta contra a homofobia
A seguir, vídeos de empresas que se posicionam publicamente em favor do casamento civil igualitário.
Apoio dos funcionários e amigos do Google ao Casamento Civil
Excelente vídeo em que funcionários da Google no Brasil tratam de maneira clara e elegante o tema do casamento civil igualitário.
Outlook.com - Get up-to-date
Em sua campanha de divulgação do Outlook, a Microsoft utiliza como exemplo um casal homoafetivo. De maneira simples, traduz a demanda pelo casamento civil igualitário
Gay Inclusive Amazon Kindle Commercial
Da Mesma forma que a Microsoft, a Amazon utiliza a sutileza para apoiar o casamento civil igualitário
Natura - Relações
Em sua nova campanha, a Natura exalta a relação e, de uma maneira delicada e sutil, afirma seu respeito às relações homoafetivas.quinta-feira, 28 de março de 2013
Entrevista! Bill Clinton: "O futuro pertence a quem pratica a cooperação"
A edição 2314 de 27 de março de 2013 da Revista Veja, traz uma entrevista em que o ex presidente dos EUA Bill Clinton aponta a cooperação entre governos, empresas privadas e sociedade civil como alternativa para os problemas contemporâneos universais,
Segue a entrevista.
Segue a entrevista.
A ESTRATEGIA É JUNTAR FORÇAS
Há oito anos Clinton fundou a Clinton Global Initiative, que
promove encontros anuais entre governos, empresas privadas e ONGs. Em
entrevista a VEJA, ele explica por que avalia que a união entre os três setores
é o melhor caminho para enfrentar questões como a desigualdade social e as
mazelas ambientais.
Como o senhor vê o papel dos cidadãos diante dos desafios do
século XXI?
Vivemos um período da história inédito em termos de
interdependência entre as nações. A riqueza e o talento, hoje, cruzam
fronteiras rapidamente, numa grande rede internacional, mas o mesmo acontece
com as forças negativas. A crise financeira que começou nos Estados Unidos e
varreu o globo provou como as condições sociais e econômicas das nações estão
interligadas. Não podemos mais ignorar o que acontece em outros países. A boa
notícia é que temos mais poder do que nunca para construir um mundo de valores
e oportunidades compartilhadas, mas, para obter sucesso no século XXI, três
setores da sociedade - governo, iniciativa privada e organizações não
governamentais, as ONGs - precisam trabalhar juntos. Isso vale para os países
ricos, como os Estados Unidos, para os pobres, como o Haiti, ou para aqueles em
rápido desenvolvimento, como o Brasil. E o papel das ONGs, grupos de cidadãos
que trabalham juntos em prol do bem comum, está se tornando cada vez mais
relevante. Os Estados Unidos sempre tiveram instituições não governamentais
fortes. Um dos fundadores da República americana, Benjamin Franklin, criou em
1736 o que pode ser considerada a primeira ONG da história, o Corpo de
Bombeiros de Filadélfia, composto exclusivamente de voluntários. Não havia
alternativa naquele tempo porque os impostos recolhidos pela prefeitura não
eram suficientes para bancar um corpo de bombeiros e nenhuma companhia privada
teria lucro com um projeto desse tipo. As ONGs são instituições únicas: por
serem formadas por cidadãos, não dependem de cargos políticos e, portanto, têm
mais liberdade para experimentar novas ideias. Ao contrário das empresas
privadas, não precisam produzir lucro para satisfazer os acionistas. Devem
prestar contas de suas ações e ser cuidadosas com seus orçamentos, mas, se algo
não dá certo, podem mais facilmente mudar de rumo e tentar uma estratégia
diferente. Por isso, as ONGs têm hoje um papel mais significativo do que nunca.
O que faz com que algumas pessoas sejam mais propensas do que
outras a se tornar voluntárias e doar tempo e dinheiro?
Pensei muito sobre isso. Parece-me que as pessoas doam por uma
combinação de fatores, com base no que pensam do mundo e no que pensam de si
mesmas. Algumas pessoas doam porque acham que o gesto de doar lhes dá mais
satisfação e recompensa do que gastar mais dinheiro em bens materiais e mais
tempo em atividades de lazer ou no trabalho. Outras doam porque se sentem
moralmente obrigadas a fazê-lo, amparadas em convicções éticas ou religiosas. E
há as que doam porque alguém que elas conhecem e respeitam lhes pediu que o
fizessem, ou porque acham que, doando, proporcionarão às nossas crianças um
futuro melhor. Os motivos opostos explicam por que as pessoas se recusam a
doar. Muitas não acreditam que a doação possa fazer grande diferença, seja
porque não podem doar muito, seja porque estão convencidas de que os esforços
para mudar as condições de vida de outras pessoas são inúteis. Não se sentem
moralmente obrigadas a doar e talvez ninguém lhes tenha pedido para fazê-lo. E
acreditam que vão aproveitar melhor a vida se guardarem seu dinheiro e seu
tempo para si próprias e sua família. Muita gente, em meio ao dia a dia do
trabalho e da vida familiar, não sabe como doar tempo e dinheiro de forma
eficaz. Nesse caso, deixa de doar, embora se sinta frustrada com isso. A
tecnologia está fazendo maravilhas para resolver esse tipo de situação. Ela não
apenas torna mais fácil doar como transforma um grande número de pequenas
doações numa doação de grande porte. Quando o tsunami devastou o Sudeste
Asiático, gente do mundo inteiro doou bilhões de dólares, grande parte pela
internet. Nos últimos tempos, doar uma pequena quantia fixa por meio de
mensagem de texto facilitou ainda mais o processo. Foi o que aconteceu após o
terremoto que atingiu o Haiti, há três anos. A escolha de doar tempo e dinheiro
é pessoal, mas quanto mais cidadãos tentam fazer a diferença mais perto
chegamos de vencer nossos grandes desafios.
O senhor daria algum conselho aos brasileiros acerca de como
enfrentar o século XXI?
Em primeiro lugar, amo o Brasil. Já visitei o país dez vezes, e
em dezembro vamos promover no Rio de Janeiro nossa primeira conferência Clinton
Global Initiative na América Latina. No ano passado, tive o prazer de dar uma
palestra na Universidade de Fortaleza, no Ceará, e fiquei mais convencido do
que nunca de que o povo brasileiro tem a noção exata de como criar um mundo de
oportunidades e responsabilidades compartilhadas. Digo isso porque, nesta
última década, o Brasil foi um dos pouquíssimos países a registrar ao mesmo
tempo um crescimento sólido e uma queda na pobreza e na desigualdade social.
Isso não aconteceu nos Estados Unidos, onde, no mesmo período, 90% dos ganhos
econômicos beneficiaram 10% da população. Desses 90%, 43% foram para 1% da
população, e a pobreza aumentou no país. Um dos principais motivos pelos quais
o Brasil continuou a crescer durante a recente crise econômica é que combateu o
problema da desigualdade. Darei outro exemplo. Quando estive em Manaus no Fórum
Mundial de Sustentabilidade, em 2011, havia executivos de grandes companhias de
petróleo, de eletricidade e de outros setores, políticos do Partido Verde e de
grupos ambientalistas, além de representantes das tribos indígenas e de
entidades de defesa da floresta. Ao contrário do que aconteceria nos Estados
Unidos, onde, num evento desse tipo, todos estariam levantando verbas para
produzir comerciais de TV atacando uns aos outros, os participantes do fórum de
Manaus estavam reunidos calmamente em torno de mesas, conversando
respeitosamente, porque sabiam que não havia respostas fáceis. Eles entenderam
que, para construir um país de prosperidade e responsabilidade compartilhadas,
teriam de enfrentar juntos as questões difíceis e descobrir novas formas de
cooperação mútua. Meu conselho, portanto, é prosseguir desta forma: manter
todos nas mesas -empresários, governo e cidadãos descobrindo maneiras criativas
de trabalhar juntos. É bom lembrar que, em qualquer tempo e em qualquer país, a
política é território dos que praticam a divisão, mas o futuro pertence aos que
praticam a cooperação.
Fonte: Revista
Veja
Por: Carolina
Melo
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