quinta-feira, 28 de março de 2013

Como chegamos até aqui?



A tendência de incorporação de aspectos de sustentabilidade socioambiental no universo de valores da sociedade contemporânea não é novidade e ganhou força por meio do amadurecimento de regimes internacionais de meio ambiente, de direitos humanos, de regulamentação do trabalho e do comércio. Desde o fim da Segunda Guerra, observa-se o fortalecimento dos debates a respeito de cooperação, da consolidação de direitos individuais e da importância da discussão sobre problemas coletivos.


Porém, nos últimos anos, esse movimento se intensificou, a preocupação deixou os fóruns de especialistas e ecoou na sociedade civil. Nesse contexto, é formada a Geração G um grupo de pessoas que apresenta como ponto de convergência o compromisso com a introdução da generosidade nas relações.

Se quiser saber mais sobre a Geração G, leia nosso post “Mas, afinal o que é a Geração G?”

Para melhor entender esse movimento, é preciso identificar as influências temporais que permitiram e estimularam o surgimento e fortalecimento de uma pressão efetiva por maior humanização nas relações entre pessoas, governos e empresas. Afinal, a Geração G é resultado do amadurecimento da conscientização da sociedade civil a respeito das questões coletivas somada a um ambiente favorável para a mobilização, engajamento e discussão. Ou seja, as circunstâncias contemporâneas permitiram que a insatisfação individual diante da frieza das relações e das conseqüências negativas de uma ganância descontrolada e irracional fosse transformada em uma nova forma de enxergar o mundo, um modelo comportamental incipiente e transformador que cresce em termos numéricos e de poder de influência.

Neste post, queremos discutir um pouco sobre algumas causas que permitiram o surgimento da Geração G nesta época. 



Nunca na história mundial uma geração teve acesso a tantos recursos materiais e intelectuais e essa abundância, aliada a uma relativa paz no mundo ocidental, permite o aprofundamento dos desejos, a exigência por bem estar e estimula a ousadia na busca pela felicidade. 


Nesse sentido, superadas as lutas pela consolidação dos direitos de primeira e segunda gerações, é possível radicalizar a defesa dos direitos de terceira geração na busca da solidariedade, fraternidade e universalidade dos direitos humanos. Se, num primeiro momento, o individualismo liberal surge como necessidade para proteção do homem contra os abusos do Estado e, posteriormente, o Estado passa a ser demandado como principal garantidor dos direitos sociais, a superação desses estágios iniciais, permite à lógica da terceira geração o reconhecimento do protagonismo e do poder do indivíduo em sua concepção humana  sem amarras territoriais. Isso quer dizer que somos uma geração que valoriza cada vez mais a condição humana e, por isso, luta pela melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e das sociedades independentemente de questões religiosas, culturais, de gênero ou territoriais. 

Por outro lado, a mais recente crise do capitalismo expôs ao mundo as incoerências de um sistema guiado pela busca sem limites pelo lucro. Indignada com as consequências da ganância desmedida de empresas e governos, essa geração passou a questionar os ideários que orientam a economia global e pressiona pela introdução da responsabilidade comunitária no debate da economia. 





Atualmente, o avanço tecnológico e a democratização do acesso aos meios de comunicação concedeu um poder inédito ao cidadão, o de produtor e disseminador de conteúdo. Hoje, além de termos acesso a uma quantidade incalculável de informações provenientes dos mais diferentes lugares e correntes ideológicas, podemos divulgar nossas idéias quase que sem restrições. É cada vez menor o monopólio das correntes do pensamento dominante, somos mais plurais, mais heterogêneos e, por isso, não abrimos mão de expor nossas individualidades. 



Por outro lado, a conscientização desse poder fortaleceu o sentimento de protagonismo do cidadão que assumiu esse empoderamento para exigir mais transparência, bem estar, qualidade de vida aos governos e empresas. Além disso, estamos conectados, o tempo inteiro estamos interagindo seja com pessoas que de fato conhecemos ou com pessoas ligadas por interesses comuns. Estamos expostos e dispostos a novas culturas a novas perspectivas, a novas formas de pensar o mundo e de entender os problemas do mundo. Somos uma comunidade global altamente conectada e estamos redefinindo o conceito de espaço público. A esfera pública de debate saiu do exílio imposto pelo individualismo das últimas décadas e, por meio das redes sociais e da mobilização virtual, se reconfigura como um importante instrumento de debate. O entendimento dessa poderosa ferramenta de pressão fez com que essa geração passasse a demandar maior humanização das relações por meio da generosidade e da sustentabilidade das ações. 

É claro que, por ser um movimento novo, ainda temos dificuldade para entender como se dará a transferência das mobilizações virtuais para o mundo real, porém nos últimos anos, alguns exemplos como a Primavera Árabe, a mobilização internacional contra os abusos cometidos nas eleições do Irã, o movimento Ocupe Wall Street, os movimentos Mais Amor por favor e a recente mobilização contra a indicação do deputado Marcos Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara são exemplos de que essa é uma tendência irreversível. Aliás  se você ainda não assinou a petição contra a esse atentado aos Direitos Humanos, clica aqui e assina.


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